segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

ARTE GÓTICA


AULA – 29/02

INTRODUÇÃO

O estilo gótico é identificado como o período das grandes catedrais. De fato, com suas construções começaram a ser definidos os princípios fundamentais desse estilo. O gótico teve início na França, novo centro de poder depois da queda do Sacro Império, em meados do século XII, e terminou aproximadamente no século XIV, embora em alguns países do resto da Europa, como a Alemanha, se estendesse até bem depois de iniciado o século XV.

O gótico era uma arte imbuída da volta do refinamento e da civilização na Europa e o fim do bárbaro obscurantismo medieval. A palavra “gótico”, que faz referência aos godos ou povos bárbaros do norte, foi escolhida pelos italianos do renascimento para descrever essas descomunais construções que, em sua opinião, escapavam aos critérios bem-proporcionados da arquitetura. No entanto, nada podia estar mais longe da realidade.

Foi nas universidades, sob o severo postulado da escolástica - Deus Como Unidade Suprema e Matemática -, que se estabeleceram as bases dessa arte eminentemente teológica. A verticalidade das formas, a pureza das linhas e o recato da ornamentação na arquitetura foram transportados também para a pintura e a escultura. O gótico implicava uma renovação das formas e técnicas de toda a arte com o único objetivo de expressar a harmonia divina.

PINTURA

O traço que mais identifica a pintura gótica é seu intencional naturalismo. Partindo da premissa de que a representação do mundo real refletia a verdadeira natureza divina da criação, os pintores do gótico elaboraram uma pintura carregada de simbolismo, a fim de tocar emocionalmente o observador. O resultado foi a criação de uma arte de linhas claras e cores puras, na qual era a cor que expressava o valor simbólico da espiritualidade.

Em estreito contato com a iconografia cristã, a linguagem das cores era completamente definida: o azul, por exemplo, era a cor da Virgem Maria, e o marrom, a de São João Batista. A manifestação da idéia de um espaço sagrado e atemporal, alheio à vida mundana, foi conseguida com a substituição da luz por fundos dourados. Essas técnicas e conceitos foram aplicados tanto na pintura mural quanto no retábulo e na iluminação de livros. A finalidade primordial da pintura gótica era ensinar a criação divina e, num sentido mais didático, narrar as Escrituras para o maior número de pessoas, quase sempre analfabetas. Os temas eram religiosos, tirados da tradição bizantina. Além das histórias da Bíblia, representava-se também a vida dos santos e a iconografia de Cristo, particularmente a crucificação, capítulo central da teologia da Idade Média.

ESCULTURA

A escultura gótica está presente nas fachadas, tímpanos e portais das catedrais, que foram o espaço idealpara sua realização. Como a pintura, a escultura se caracterizou por um calculado naturalismo que, mais do que as formas da realidade, procurou expressar a beleza ideal do divino. Para isso, teve de recorrer às técnicas da antiguidade clássica, ainda que sob as mesmas concepções adotadas depois pelos renascentistas.

O fato é que se estava à procura de parâmetros para uma beleza ideal. As esculturas que inauguraram o ciclo são as da catedral de Chartres. De uma beleza tranqüila porém expressiva, logo se transformaram em modelo a ser seguido pelos demais escultores. A princípio, as estátuas eram alongadas e não possuíam qualquer movimento, com um acentuado predomínio da verticalidade, o que praticamente as fazia desaparecer. Eram estátuas-colunas. As figuras vão adquirindo naturalidade e dinamismo, as formas se tornam arredondadas, a expressão do rosto se acentua e aparecem as aprimeiras cenas de diálogo nos portais. A separação em relação à arquitetura é então um fato: as esculturas começam a se destacar como obras independentes. As roupas ficam mais pesadas e se multiplicam as dobras, que já não são lineares e rígidas, mas sim onduladas, expressivas e mais naturais. O programa das catedrais góticas, como outros ramos da arte desse período, se baseava principalmente nas histórias das Sagradas Escrituras. Depois, com o início do culto à Virgem e ao Cristo, era muito comum encontrar cenas de sua vida nos relevos dos tímpanos. Toda a iconografia cristã era representada dessa maneira na pedra, e junto com os vitrais e a arquitetura constituíam a expressão mais pura do misticismo medieval.

ARQUITETURA

A arquitetura gótica se apoiava nos princípios de um forte simbolismo teológico, fruto do mais puro pensamento escolástico: as paredes eram a base espiritual da Igreja, os pilares representavam os santos, e os arcos e os nervos eram o caminho para Deus. Além disso, nos vitrais pintados e decorados se ensinava ao povo, por meio da mágica luminosidade de suas cores, as histórias e relatos contidos nas
Sagradas Escrituras.

A construção gótica, de modo geral, se diferenciou pela elevação e desmaterialização das paredes, assim como pela especial distribuição da luz no espaço. Tudo isso foi possível graças a duas das inovaçõesarquitetônicas mais importantes desse período: o arco em ponta, responsável pela elevação vertical do edifício, e a abóbada cruzada, que veio permitir a cobertura de espaços quadrados, curvos ou irregulares.

Somado a isso, um sistema de suportes constituído de pilares cantonados e fasciculados, pequenas colunas cilíndricas e nervos, junto com os arcobotantes, tornou a parede mais leve, até seu quase total desaparecimento. As janelas ogivais e as rosetas acentuaram ainda mais a transparência da construção. A intenção era criar no visitante a impressão de um espaço que se alçava infinitamente até o céu.

A primeira das catedrais construídas em estilo gótico puro foi a de Saint-Denis, em Paris. Seu construtor, o abade Suger, aplicou na obra todos os princípios escolásticos da época. Na leveza das paredes, na transparência da luz, na elevada perspectiva das colunas, que desapareciam em direção ao alto, via o abade a feliz consumação da harmonia divina.


ARTE ROMÂNICA


AULA – 29/02

INTRODUÇÃO

 A arte românica, cuja representação típica são as basílicas de pedra com duas apses e torres redondas repletas de arcadas, estendeu-se do século XI à primeira metade do XIII. Seu cenário foi quase toda a Europa, exceto a França, que já a partir do século XII produzia arte gótica.Apesar da barbárie e do primitivismo que reinaram durante essa época, pode-se dizer que o românico estabeleceu as bases para a cultura européia da Idade Média.

O feudalismo era a nova ordem da sociedade de então, enquanto o Sacro Império ia se firmando politicamente. Até esse momento, a arquitetura não diferenciava formalmente palácios de igrejas, devido ao fato de o imperador, de alguma forma, representar tanto o poder religioso quanto o temporal. Os beneditinos, logo após as primeiras reformas monacais, foram os primeiros a propor em suas construções as formas originais do românico.

Surge assim uma arquitetura abobadada, de paredes sólidas e delicadas colunas terminadas em capitéis cúbicos, que se distancia dos rústicos castelos de pedra que davam seqüência à linha pós-romana. Na
pintura e na escultura, as formas se mantêm dentro da mesma linha da arquitetura, severa e pesada, completamente afastadas de qualquer intenção de imitar a realidade e conseguindo, como resultado, uma
estética dotada de certa graça infantil.

PINTURA

Originalmente, as naves das igrejas românicas eram decoradas com pinturas murais de uma policromia intensa e perfeitamente harmonizadas  com a arquitetura. Seus desenhos iam das formas da antiga pintura romana aos ícones bizantinos, ocupando naves e absides. Os temas mais freqüentes abordavam cenas retiradas do Antigo e do Novo Testamento e da vida de santos e mártires, repletas de sugestões de exemplos edificantes.

Também não faltavam as alegorias dos vícios e virtudes, representadas por animais fantásticos, próprios de um bestiário oriental. As figuras não tinham nenhuma plasticidade, e as formas do corpo apenas se insinuavam nas rígidas dobras dos mantos e túnicas. Os traços faciais eram acentuados por contornos de traços grossos e escuros. Os fundos apresentavam uma só cor, branco ou dourado, emoldurados por frisos geométricos.

Para desenvolver esse tipo de pintura mural, os artistas do românico em geral recorreram às técnicas da pintura do afresco, misturando a tinta com água de cola ou com cera. Por outro lado, é preciso mencionar também o trabalho que se fazia então de iluminura de Bíblias e obras manuscritas. Cada vez mais sofisticado, ele evoluía paralelamente à pintura formal, tanto em termos de estilo quanto de desenvolvimento da técnica pictórica.

ESCULTURA

A escultura românica desenvolve-se nos relevos de pórticos e arcadas com uma exuberância inesperada e em perfeito contraste com as pesadas formas arquitetônicas. A fusão das formas orientais de Bizâncio com as romanas antigas resulta numa estatuária de caráter ornamental. O espaço em branco dos frisos, capitéis e pórticos é coberto por uma profusão de figuras apresentadas de frente e com as costas grudadas na parede.

O corpo desaparece sob as inúmeras camadas de dobras angulosas e afiladas das vestes. As figuras humanas se alternam com as de animais fantásticos, mais condizentes com a iconografia do Oriente Médio do que com a do cristianismo. No entanto, a temática das cenas representadas é religiosa. Isso se deve ao fato de que os relevos, além de decorar a fachada, tinham uma função didática, já que eram organizados em faixas, lidas da direita para a esquerda.

Devemos mencionar também o desenvolvimento da ourivesaria durante esse período. A exemplo da escultura e da pintura, essa arte teve um caráter religioso, tendo por isso se voltado para a fabricação de objetos como relicários, cruzes, estatuetas, Bíblias e para a decoração de altares. Os grandes reis também se sentiram atraídos por essa forma de grandeza, encomendando aos ourives luxuosas coroas incrustadas, bem como globos decorados e cetros de ouro.

O românico coincidiu com as primeiras peregrinações na Europa. Para que uma igreja fosse considerada um lugar de peregrinação, ela deveria possuir as relíquias de algum santo, ou seja, seus restos mortais ou parte deles, ou algo que tivesse pertencido a ele. Tais itens eram guardados em primorosas obras de ourivesaria, como cruzes de fundo duplo de ouro ou esmalte, ou imagens ocas de madonas com incrustações de pedras preciosas lapidadas rusticamente.

As Sagradas Escrituras, em versões manuscritas elaboradas pelo trabalho paciente de monges copistas, eram encadernadas em sólidas capas de ouro, pedras preciosas e pérolas. As igrejas mais ricas revestiam seus altares com esses mesmos materiais. Embora, a princípio, o estilo fosse um tanto primitivo, de acordo com o espírito da época, se desenvolveram técnicas refinadas, entre as quais se destacam a filigrana e o esmalte.

ARQUITETURA

Foi nas igrejas que o estilo românico se desenvolveu em toda a sua plenitude. Suas formas básicas são facilmente identificáveis: a fachada é formada por um corpo cúbico central, com duas torres de vários pavimentos nas laterais, finalizadas por tetos em coifa. Um ou dois transeptos, ladeados por suas fachadas correspondentes, cruzam a nave principal. Frisos de arcada de meio ponto estendem-se sobre a parede, dividindo as plantas.

O motivo da arcada também se repete como elemento decorativo de janelas, portais e tímpanos. As colunas são finas e culminam em capitéis cúbicos lavrados com figuras de vegetais e animais. No conjunto, as formas cúbicas de muros e fachadas se combinam com as cilíndricas, de apses e colunas. Nesse estilo destacam-se a abadia de Mont Saint-Michel, na França, e a catedral de Speyer, na Alemanha.

Embora hoje em dia os resultados dessa abordagem nos pareçam pouco sofisticados, atrasados em relação às aquisições do império romano ou do Oriente em geral, o românico significou em sua época um progresso para a Europa, esgotada e embrutecida por inumeráveis invasões bárbaras que duraram quase cinco séculos. A paz que Carlos Magno impôs na Europa reflete-se nesse estilo, fundamento de toda a cultura que se seguirá a ele.




ARTE BIZANTINA


AULA – 29/02

INTRODUÇÃO


  A arte bizantina teve seu centro de difusão em Bizâncio, mais exatamente na cidade de Constantinopla, e se desenvolveu a partir do século IV como produto da confluência das culturas da Ásia Menor e da Síria, com elementos alexandrinos. As bases do império eram três: a política, a economia e a religião. Não é de estranhar, portanto, que a arte tivesse um papel preponderante tanto como difusor didático da fé quanto como meio de representação da grandeza do imperador, que governava, segundo o dogma, em nome de Deus.

   Para manter a unidade entre os diversos povos que conviviam em Bizâncio, Constantino oficializou o cristianismo, tendo o cuidado de enfatizar nele aspectos como rituais e imagens dos demais grupos religiosos. Isso explica o fato de ícones de Jesus e Maria provirem da Síria, Iraque e Egito, assim como se deu com a música e os cânticos. Também foram construídos centros de culto, igrejas e batistérios, com a adoção da forma das basílicas, da sala de audiência do rei (Basileus), junto com o mercado das cidades gregas.

   O apogeu cultural de Bizâncio teve lugar sob o reinado de Justiniano (526-565 d.C.). Pertence a essa época um dos edifícios mais representativos da arquitetura bizantina: a Igreja de Santa Sofia. Ao período iconoclasta, em que foram destruídas e proibidas as imagens (726-843 d.C.), seguiu-se uma época de esplendor e ressurgimento cultural na qual a arte bizantina foi para o Ocidente, difundindo-se pelos países ou cidades que comercial ou politicamente continuavam em contato com Bizâncio: Aquisgran, Veneza e países eslavos, entre outros.

ARQUITETURA
Catedral de Santa Sofia
   Uma vez estabelecido na Nova Roma (Constantinopla), Constantino (270-337 d.C.) começou a renovação arquitetônica da cidade, erigindo teatros, termas, palácios e sobretudo igrejas, já que se fazia necessário, uma vez oficializado o cristianismo, imprimir seu caráter público definitivo em edifícios abertos ao culto. As primeiras igrejas seguiram o modelo das salas da basílica (casa real) grega: uma galeria ou nártex, às vezes ladeada por torres, dava acesso à nave principal, separada por fileiras de colunas de uma ou duas naves laterais.
   No lado oeste, o transepto, ou nave principal, se comunicava com a abside. O teto era de alvenaria e madeira. Graficamente falando, as primeiras basílicas eram como um templo grego virado para dentro. A simbologia dessas igrejas não poderia ser mais precisa: o espaço central alongado era o caminho que o paroquiano percorria até a consubstanciação, simbolizada na abside. Esse modelo foi posteriormente substituído pelas plantas centralizadas circulares, como a dos panteões romanos e as plantas octogonais.
San Vitale - Ravenna
Chegaram até nossos dias as igrejas mais importantes do reinado de Justiniano (526-565): Santa Sofia, Santa Irene e São Sérgio e Baco. Foi nessa época que se iniciou a construção das igrejas de planta de cruz grega, cobertas por cúpulas em forma de pendentes, conseguindo-se assim fechar espaços quadrados com teto de base circular. Esse sistema, que parece já ter sido utilizado na Jordânia em séculos anteriores e inclusive na Roma antiga, se transformou no símbolo do poderio bizantino.

Planta em corte da Catedral de Santa Sofia

Interior da Catedral de Santa Sofia
   A arquitetura de Bizâncio se difundiu rapidamente pela Europa ocidental, mas adaptada à economia e possibilidades de cada cidade. Não se deve esquecer que Santa Sofia foi construída sem a preocupação com gastos, algo que os demais governantes nem sempre podiamse permitir. São Vital e Santo Apolinário Novo, em Ravena, a capela palaciana de Aquisgran, São Marcos, em Veneza, e o mosteiro de Rila, na Bulgária, são igrejas que melhor representaram e reinterpretaram o espírito da arquitetura bizantina.

Interior mausoleu Gala Placidia
ESCULTURA


A escultura bizantina não se separou do modelo naturalista da Grécia, e ainda que a Igreja não estivesse muito de acordo com a representação estatuária, não obstante, essa foi a disciplina artística em que melhor se desenvolveu o culto à imagem do imperador. Também tiveram grande importância os relevos, nos quais os soberanos imortalizaram a história de suas vitórias. Das poucas peças conservadas se deduz que, apesar de seu aspecto clássico, a representação ideal superou a real, dando-se preferência à postura frontal, mais solene.
Não menos importante foi a escultura em marfim. As peças mais correntes eram os chamados dípticos consulares, de uma qualidade e maestria incomparáveis, que, à guisa de comunicação, os funcionários enviavam aos demais altos dignitários para informar sua nomeação. Esse modelo mais tarde se adaptou ao culto religioso em forma de pequeno altar portátil. Quanto à ourivesaria, proliferaram os trabalhos em ouro e prata, com incrustações de pedras preciosas. Porém, poucos exemplares chegaram até nossos dias.

PINTURA E MOSAICO

   A pintura bizantina é representada por três tipos de elementos estritamente diferenciados em sua função e forma: os ícones, as miniaturas e os afrescos. Todos tiveram um caráter eminentemente religioso, e embora predominassem as formas decorativas preciosistas, não faltou a essa disciplina o misticismo profundo comum a toda a arte bizantina. Os ícones eram quadros portáteis originados da pintura de cavalete da arte grega, cujos motivos se restringiam à Virgem Maria, sozinha ou com o Menino Jesus, ou ao Retrato de Jesus.
   As miniaturas eram pinturas usadas nas ilustrações ou nas iluminuras dos livros e, como os ícones, tiveram seu apogeu a partir do século IX. Sua temática era limitada pelo texto do livro, geralmente de conteúdo religioso ou científico. Os afrescos tiveram sua época de maior esplendor em Bizâncio, quando, a partir do século XV, por problemas de custo, suplantaram o mosaico. A pintura ganhou assim em expressividade e naturalismo, acentuando sua função narrativa, mas renunciando a parte de seu simbolismo.
  Sozinho ou combinado com a pintura e com mais preponderância do que ela, pelo menos entre os séculos VI e VII, a técnica figurativa mais utilizada foi o mosaico. Suas origens remontam à Grécia, mas foi em Bizâncio que se usou o mosaico pela primeira vez para decorar paredes e abóbadas e não apenas pisos. No início, os motivos eram extraídos da vida cotidiana da corte, mas depois adotou-se toda a iconografia cristã, e o mosaico se transformou no elemento decorativo exclusivo de locais de culto (igrejas, batistérios).
  Tanto na pintura quanto nos mosaicos seguiram-se os mesmos cânones do desenho: espaços ideais em fundos dourados, figuras estilizadas ornadas com coroas de pedras preciosas para representar Cristo, Maria, os santos e os mártires e paisagens mais inclinadas para o abstrato, em que uma árvore simbolizava um bosque, uma pedra, uma montanha, uma onda, um rio. A Igreja se transformava, assim, no modelo terreno do paraíso prometido. O homem era o cânon, a medida e a imagem de Deus.  



















Esses princípios básicos de representação eram estabelecidos formalmente: primeiro se procurava fazer o contorno da figura, depois as formas do corpo, as roupas e os acessórios e, finalmente, o rosto. A variedade representativa mais interessante se deu em torno da figura de Maria. Havia tipos de simbologia definidos. Por exemplo, com a mão direita no peito e o Menino Jesus na esquerda, era a Hodigitria (a condutora); acompanhada do monograma de Cristo era a Nikopeia (a vitoriosa) e amamentando o Menino Jesus, a Galaktotrophusa (a nutriz).

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

ARTE PALEOCRISTÃ


AULA – 22/02

INTRODUÇÃO

As mais antigas manifestações da arte cristã datam do século II de nossa era e coexistem com as últimas da arte romana imperial. O marco principal onde se desenvolve essa nova arte, fundamento da futura arte românica e bizantina, é Roma e, mais tarde, Ravena, que substituiu a primeira como capital do Império Romano do Ocidente. A capital oriental, Constantinopla, transforma-se não somente em centro político, mas também comercial, artístico e espiritual, e sua influência nitidamente pelo Ocidente.

AS CATACUMBAS

Os primeiros cristãos construíram uma série de corredores subterrâneos para o uso fúnebre e litúrgico: as catacumbas. Essas galerias (ambulacrum) tinha nichos (loculus) nas paredes para o enterro dos cadáveres e ocasionalmente esses nichos eram contidos num arco semicircular (arcosolium). A partir do século IV, na interseção ou no final das galerias, foram abertas câmaras (cubiculum) para a celebração de alguns ritos litúrgicos.







PERIODIZAÇÃO

A arte paleocristã evolui em duas fases: A primeira, do século II até 313, ano em que se celebra o edito de Milão, é marcada pela perseguição e pela ocultação. Dessa etapa, poucos restos artísticos são conservados, circunscritos ao espaço das catacumbas. A segunda fase, a partir do edito de Milão, que confere legalidade ao cristianismo, corresponde ao momento de maior desenvolvimento: os cristãos, respaldados pelo poder, já podem mostrar-se publicamente e desenvolver sua arte à luz do dia.

OS TEMPLOS


Depois do édito de Milão, os cristãos puderam construir seus templos à vista da sociedade. Para isso, tomaram dois modelos já existentes e os adaptaram a suas necessidades de culto: a basílica e a planta central dos santuários e mausoléus pagãos.

A BASÍLICA

É a construção mais característica da arquitetura cristã. Sua planta é composta de três ou cinco naves longitudinais separadas por colunas; a cabeceira ou peça principal do templo é terminada por uma abside com abóboda de quarto de esfera. A nave central era mais alta que as laterais, a fim de permitir a entrada de luz pelos vãos abertos nas paredes. O teto era plano e de madeira. O acesso ao recinto era feito por um átrio que conduzia até o nártex – sala transversal como um vestíbulo onde se reuniam os catecúmenos que não podiam entrar na igreja. Nas grandes basílicas, como a de São Pedro em Roma, uma nave transversal ou transepto, cujos braços sobressaíam do corpo do edifício, separava as naves longitudinais da cabeceira.



O BATISTÉRIO E O MAUSOLÉU

Os cristãos tomaram a planta central da arquitetura romana como modelo para construir os batistérios e os mausoléus. Os batistérios, ou edifícios destinados ao rito de batismo, podiam ter planta circular ou poligonal, e no centro era erigida uma grande pia para realizar os batismos por imersão. Esses edifícios eram anexos à basílica. Um dos mais bem conservados dessa primeira época é o de São João de Latrão (Roma). Os mausoléus, também de planta central, eram erigidos para guardar os restos mortais de personagens célebres, como o de Santa Constância em Roma, de planta circular e coberto com abóbodas e cúpula, ou o de Gala Placídia em Ravena, de planta de cruz grega.




A PINTURA E O MOSAICO

As principais amostras de pintura paleocristã encontram-se nas catacumbas. São representações planas e lineares sobre fundos brancos e amarelos. Pouco a pouco, as figuras, tanto de pinturas como de mosaicos, adquirem volume, expressividade e movimento, e as cenas tornam-se mais complexas. Nas igrejas, a pintura é paulatinamente substituída pelo mosaico, que atinge o ponto culminante nas abóbodas do mausoléu de Gala Placídia em Ravena.

A ESCULTURA


A melhor amostra de escultura paleocristã encontra-se nos sarcófagos. Neles, os relevos podiam ser distribuídos seguindo diferentes pautas: cenas contínuas, personagens ou cenas delimitadas por colunas e medalhões centrais que dividem a composição simetricamente.





segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

O QUE É ou PODE SER ARTE?



AULA – 15/02


REFLETINDO

       O que é Arte?
       Pode-se defini-la?
       Pode-se medir qual é o seu valor?
       Pode-se criar regras para qualificá-la?
       Existe obra de Arte superior ou inferior?
       O que ou quem define o que é ou não uma obra de Arte?
       Qual a função da Arte?
       O que uma obra de Arte pode revelar sobre seu autor? E sobre seu tempo histórico?
       Uma obra de arte é um documento?
       O que é cultura?

O QUE É ARTE?

A discussão é complexa e antiga, existindo concepções diversas sobre a natureza da arte. Diversas definições e utilidades foram atribuídas às artes e suas expressões ao longo do tempo e em culturas distintas. Cada uma com seus significados e valores, revelando diferentes formas de conceber, compreender e se situar no mundo. Dessa forma a arte possui ao mesmo tempo as características de:

      Expressão
      Comunicação
      Linguagem
      Produto Cultural
      Intelecto / conceito / idéia
      Mercadoria
      Sensibilidade
      Documento Histórico

O filosofo judeu alemão Walter Benjamim cunhou (criou) o termo “Aura” em seu texto-ensaio “ Obra de arte na era de sua reprodutibilidade técnica” (1936) para se referir às características de atração e encantamento presentes nos objetos artísticos. O conceito foi utilizado para designar os elementos que são únicos de uma obra de arte original; a aura é um tipo de “revestimento de valor” e está relacionada a autenticidade, a existência única de uma obra de arte e dentro de sua cultura. Portanto, ela não existe em uma reprodução



O ser única atribui à obra de arte um caráter de objeto quase religioso a “ser cultuado”, admirado e desejado, transmissor de valores e ideias. E ainda à própria perpetuação da presença do artista, mesmo em sua ausência (o artista se afirma e se faz presente na obra que cria). Para Walter Benjamin, a obra de arte original – aquela que possui aura – conta a história do objeto, criando valores sobre ele. Compreende variados fatores que foram alocados na obra de arte que são importantes para sua apreciação e seu entendimento.

MAS DE FATO O QUE É ARTE?



A cultura utiliza alguns instrumentos para decidir o que é uma obra de arte.

       Críticos, peritos em arte;
       Espaços de arte: museu, mostras, atelier, exposições;



Mas estes critérios são mesmos válidos? Infalíveis? Absolutos e inquestionáveis? Onde entra a atitude/presença do expectador da obra?

De fato o que vai apontar e legitimar alguma manifestação como arte em sentido mais amplo e a cultura que a gera e no qual ela esta inserida. É dentro de um contexto cultural específico que o objeto artístico é revestido de valor. Sendo que a Cultura é um elemento em constante movimento, que precisa ser entendido dentro de um tempo/espaço específico. Sendo assim, a cultura muda com o tempo e em locais diferentes, e de igual modo os valores culturais também são transformados ao longo do tempo.

Poderíamos definir a palavra arte como “manifestação da atividade humana por meio da qual se expressa uma visão pessoal e desinteressada que interpreta o real e o imaginário com recursos plásticos, lingüísticos ou sonoros”. Contudo, essa definição não esclarece em que uma obra de arte se diferencia de uma obra que não o é, e se esse significado é válido para todos os tempos. Novamente temos o elemento cultura, pois dentro de cada período histórico e lugar, a cultura se manifesta de uma forma distinta, trazendo conceitos e ideias sobre o que é, ou não é aceito como arte para determinado grupo. O conceito ou definição de arte então será amplo e relativo à lugares, épocas e pessoas diferentes.

ARTE E ESTÉTICA

A concepção que as pessoas têm da arte mudou, muda e mudará de acordo com o momento histórico e a sociedade. De fato, os primeiros artistas, os pintores rupestres, não tinham noção de que estavam realizando uma obra de arte, embora o sentido que eles conferiam a essas imagens estava relacionado com a magia ou com a religião, desconhecemos se também com a estética. Atualmente, contudo, consideramos que uma obra de arte, independentemente de expressar ou não um significado ou sentimento e do modo como o faça, tem de produzir uma reação estética no espectador (seja de prazer ou repulsa) e tem de ser criativa, isto é, deve mostrar formas de expressão genuínas, originais.

É possível dizer que a arte é correspondente a certas manifestações da atividade humana que nos causam um sofrimento admirativo e que é privilegiada pela cultura em um determinado período e com limites imprecisos.

HISTÓRIA DA ARTE


TEORIA INICIAL DA HISTÓRIA DA ARTE




A FUNÇÃO DA ARTE / ARTE COMO NECESSIDADE

Embora hoje em dia o valor estético desempenhe papel muito importante, as pessoas continuam sentindo necessidade de expressar-se e comunicar-se por meio da arte – e esta continua sendo um reflexo da sociedade que a gera, cumprindo simultaneamente a função de transmitir os valores desta sociedade. De fato, desde sempre, a arte foi reflexo vivo da sociedade circundante; os historiadores e outros especialistas puderam conhecer muitos aspectos dos povos e das culturas que nos precederam por meio do estudo da obra de arte, de sua estética e daquilo que nela se expressa.

O ARTISTA

Não é possível compreender a obra de arte sem o artista que a criou. Apesar disso, assim como o conceito de arte mudou ao longo da história, o mesmo aconteceu com o conceito de artista, que deixou de ser considerado simples artesão e passou a ser admirado como gênio criativo, capaz de gerar obras únicas. Embora na época clássica da Grécia e da Roma antigas tenha tido reconhecimento social e, em alguns casos, tenha chegado a assinar suas obras, é somente no Renascimento, com a exaltação que se fez do ser humano, que o artista abandona definitivamente o anonimato. É nessa época também que se forja o conceito de gênio, aplicado a alguém com capacidade extraordinária ou fora do normal para citar e inventar coisas ou objetos admiráveis – é quando a figura do mecenas (ou protetor) se consolida. 

Daniel F. do Carmo


“Lembre-se do seu Criador nos dias da sua juventude, antes que venham os dias difíceis e se aproximem os anos que você dirá: Não tenho satisfação neles” EC 12:01