terça-feira, 2 de agosto de 2016

SURREALISMO

INTRODUÇÃO

Giorgio De Chirico
O surrealismo foi por excelência a corrente artística moderna da representação do irracional e do subconsciente. Suas origens devem ser buscadas em movimentos como o dadaísmo e na pintura metafísica de Giorgio De Chirico. No entanto, desenvolveu linguagem própria, ao mesmo tempo em que trazia também as formas e métodos do universo particular - pessoal - dos artistas do movimento. A exemplo de seus predecessores, o movimento do surrealismo pregou a transgressão dos valores das academias (e mesmo a inutilidade das academias e de seus conceitos), a dessacralização do artista (ou seja, eram contrários à ideia de que o artista era um "ser iluminado" e diferenciado das pessoas que não produziam arte), e adotou, uma atitude esperançosa e comprometida com seu tempo.



A publicação do Manifesto do Surrealismo, assinado por André Breton em outubro de 1924, marcou historicamente o nascimento do movimento. Nele se propunha a restauração dos sentimentos humanos e do instinto como ponto de partida para uma nova linguagem artística. Para isso era preciso que o homem tivesse uma visão totalmente introspectiva de si mesmo e encontrasse esse ponto do espírito no qual a realidade interna e externa são percebidas totalmente isentas de contradições. Em outras palavras, a arte do surrealismo voltava suas atenções para o "homem interior", o subconsciente, para as imagens produzidas pela mente humana, para os sonhos, contos, devaneios, delírios, imaginações, fantasias, e qualquer outra forma mais que pudesse ser fruto da mente imaginativa do ser humano.

Giorgio De Chirico
A livre associação (neste caso interpretação) e a análise dos sonhos, ambos métodos da psicanálise freudiana, transformaram-se nos procedimentos básicos do surrealismo, embora aplicados a seu modo.Por meio do automatismo, ou seja, qualquer forma de expressão em que a mente não exercesse nenhum tipo de controle, os surrealistas tentavam plasmar (representar), seja por meio de formas abstratas ou figurativas simbólicas, as imagens da realidade mais profunda do ser humano: o subconsciente.

Giorgio De Chirico
Dentro do surrealismo devem-se destacar três períodos importantes e bem diferenciados entre si: 
1- o período dos sonhos (1924), representado pelas obras de natureza simbólica, obtidas através de diferentes procedimentos de automatismo, de um certo figurativismo; 

2- o período do compromisso político (1928), expresso na filiação de seus líderes ao comunismo; 

3- e uma terceira fase (1930), de difusão, que se empenhou na formação de grupos surrealistas em toda a Europa, tendo conseguido a adesão de grupos americanos.

PINTURA

Em um dos números da revista A Revolução Surrealista, que André Breton editava, ele não só aceitava a teoria freudiana do automatismo verbal (livre associação de palavras), como também admitia a possibilidade do automatismo gráfico (livre associação de imagens), dois processos que, na opinião dele, estão estreitamente relacionados. O poeta citava concretamente dois artistas: Pablo Picasso e Max Ernst. Pela primeira vez se aprovava a existência de uma pintura surrealista.
Joan Miró

Joan Miró
Joan Miró
Segundo Breton, há dois métodos propriamente surrealistas: o automatismo rítmico (pelo qual se pintava seguindo o impulso gráfico) e o automatismo simbólico (a fixação das imagens oníricas ou subconscientes de maneira natural). De acordo com isso, surgiram grupos diferentes de pintores: Miró, Hans Arp e André Masson, por exemplo, representaram o surrealismo orgânico ou automatista, enquanto Dalí, Magritte, Chagall e Marx Ernst, entre outros, desenvolveram o surrealismo simbólico.
René Magritte - La Clairvoyance - 1936
René Magritte - Time Transfixed - 1938

René Magritte - Golconda - 1953 
Os surrealistas não representaram subjetivamente a realidade (ou seja, não criam obras interpretam a realidade que os cerca), pelo contrário, tentaram objetivar seu mundo interno (ou seja, busca dar forma, demonstrar em imagens, o que têm e imaginam dentro de suas mentes criativas), como demonstram suas obras.

ESCULTURA

No surrealismo, melhor do que falar em escultura, deve-se falar em objetos retirados do seu contexto - algo muito parecido com o que o francês Marcel Duchamp, na ocasião também membro do movimento, havia iniciado com seus ready mades. Os surrealistas se dedicaram conscientemente a reunir os objetos mais díspares (diversificados e oposto), privados de sua funcionalidade, para expressar as necessidades valores e estéticas diferentes de sua funções reais. No começo, chegaram inclusive a falar de dois tipos de objetos: os naturais (vegetais, animais e minerais) e os de uso cotidiano.

Exemplo claro do culto ao objeto, iniciado por este movimento, foi a Exposição de Objetos Surrealistas de 1936. Nela se representaram as mais extravagantes combinações, produto das associações inconscientes de seus autores. Alguns podiam ser interpretados quase automaticamente pelo público, de tão simples que eram em sua composição, enquanto outros eram misteriosos, simbólicos e poéticos.

No entanto, deve-se destacar que os objetos surrealistas tentavam abrir a imaginação do espectador para a multiplicidade de relações existentes entre as coisas, para a associação livre de condicionamentos, para a libre interpretação das formas que nos cercam. Prova disso foram o engenhoso Telefone-lagosta, de Dalí, ou as combinações de objetos de Miró. Referindo-se à escultura surrealista, André Breton, precursor do movimento, disse: "não encontramos mais do que aquilo de que precisamos profundamente".

Salvador Dalí - Telefone Lagosta - 1936
Salvador Dalí - O Toureiro

Salvador Dalí - A Nobreza dos Tempos
CINEMA E FOTOGRAFIA

O cinema e a fotografia surrealista assimilaram, logicamente, os parâmetros da pintura e da escultura desta corrente. Os diretores de cinema procuraram tratar com o subconsciente por meio de imagens totalmente simbólicas ou no limite do absurdo. Não faltaram nessas disciplinas a crítica, as metáforas visuais, e as montagens, que tinham pouco em comum com o cinema e a fotografia tradicionais.

São dois os grandes representantes do cinema surrealista: o espanhol Luis Buñuel e o francês Jean Cocteau. Da filmografia do primeiro é preciso destacar-se os filmes O Cão Andaluz e A Idade Dourada. Em ambas as obras, uma espécie de exercício de filmagem, o cineasta não poupa imaginação para criar mundos completamente fantásticos. Com base em cenas de aparência onírica, paradoxalmente subversivas e ao mesmo tempo poéticas, conta histórias inverossímeis e audazes. Na primeira, trabalhou em colaboração com Salvador Dalí.

A obra de Cocteau se manteve dentro da linguagem simbólica dos sonhos com imagens absurdas, produto de fotomontagem. Seus filmes mais conhecidos são Sangue de um Poeta e A Bela e a Fera. O fotógrafo por excelência do surrealismo foi o norte-americano Man Ray. Depois de atuar algum tempo no movimento do dadaísmo, ele não hesitou em passar para o grupo de amigos de Breton, interessado no que o inconsciente e o automatismo podiam dar à fotografia.

ABSTRACIONISMO



INTRODUÇÃO

Entende-se por arte abstrata toda manifestação das artes plásticas, seja na pintura ou na escultura, na qual se desistiu da representação natural ou ilustrativa da realidade, para dar vazão a composições independentes dela. É preciso esclarecer que não é possível se falar de uma arte abstrata própria e unificada. Na verdade, houve dentro dela várias correntes, que às vezes estavam muito próximas quanto à sua filosofia, outras vezes muito afastadas, mas todas se mantinham sempre dentro do limite não-figurativo.

Wassily Kandinski
O pintor russo Kandinski foi o primeiro artista propriamente abstrato. Suas teorias sobre a abstração das formas como expressão do espírito humano determinaram uma mudança substancial na pintura e escultura do século XX. Juntamente com ele, Piet Mondrian, da corrente neoplástica, propôs a redução às formas geométricas puras de tudo aquilo que fosse representável. Essa foi uma proposta dos cubistas que o pintor levou a extremos totalmente não-figurativos, com a conseqüente racionalização da pintura.

 
Wassily Kandinski
Wassily Kandinski
 O fato de os artistas mais representativos da arte moderna européia terem-se mudado para os Estados Unidos, durante a Segunda Guerra Mundial, foi muito significativo para a difusão da arte abstrata. Muitos deles, convidados pelas universidades, deixaram entusiasmados os jovens artistas americanos, e lá fundou-se a American Abstracts Artists, precursora da vanguarda expressionista abstrata. Donos de galerias e colecionadores apoiaram o desenvolvimento dessas novas tendências e gerou-se um mercado artístico dinâmico.
Piet Mondrian - Composição II em vermelho, azul e amarelo - 1930

                                              Broadway Boogie-Woogie 1943

A arte abstrata encontrou finalmente seu lugar nas galerias e coleções de uma sociedade moderna e pujante, principalmente depois de superada a crise da depressão dos anos 30.Enquanto isso, a Europa do pós-guerra retomou as tendências abstratas, mas agora sob a ideologia das novas filosofias existencialistas, que entendiam a atuação do artista como um compromisso vital com uma sociedade devastada e desolada pelo terror e pela violência.

 PINTURA

A partir das obras dos pintores mais representativos das vanguardas européias, como Kandinski, Duchamp, Delaunay e Picasso, entre outros, surgiu uma pintura que subsistiu durante o período que medeou as duas guerras e veio à luz após a Segunda Guerra Mundial. A complexidade de motivações e a diversidade desses artistas produziram grupos diferentes, com traços específicos de estilo e certas técnicas que dificultam uma classificação estilística geral da pintura abstrata.


Jackson Pollock - Confergence - 1930
Assim, dentro dessa vasta diversidade que ocorre dentro da vanguarda do século XX, determinou-se, de modo muito superficial, a existência de duas grandes categorias, citadas de modo resumido a seguir. Não se pode esquecer que muitas correntes aconteceram simultaneamente, outras surgiram do desenvolvimento das anteriores e finalmente existem as que emergiram da total oposição representada por alguns artistas individualmente. A priori, então, e simplificando, pode-se falar de duas categorias.

De um lado a pintura abstrata lírica, de conteúdo simbólico e gestual, com uma atitude totalmente animista e subjetiva diante da obra, que parte de Kandinski e evolui na obra dos expressionistas americanos: Pollock, Kline, De Kooning e Motherwell, entre outros. Também estão nesta categoria as vanguardas do pós-guerra europeu, como o informalismo, representado por Fautrier, Dubuffet e Millares, e mais tarde por Bacon, ou o grupo Dau al Set, no qual se inclui o pintor Tapies.
Jean Dubuffet - 1984
Jean Dubuffet - Monument with the standing beast
De outro lado, desenvolve-se a pintura abstrata geométrica, totalmente independente da visão subjetiva, que a partir do cubismo evoluiu para um racionalismo matemático, representado pelas formas e cores puras. É o caso dos neoplásticos da Holanda, como Mondrian ou Van Doesburg, o suprematismo de Malevitch e o construtivismo russo. Também devem ser incluídas aqui as obras de Vasarely e Cruz-Díez.

Victor Vasarely - Vega-Nor - 1969
ESCULTURA

A escultura abstrata se caracterizou pelo afastamento dos moldes naturalistas, em favor da representação das formas geométricas puras, mais racionais, ou as simbólicas, consideradas uma síntese das formas orgânicas. É preciso, no entanto, falar de peças, objetos e instalações, já que o tridimensional se desenvolveu a partir da combinação de materiais completamente alheios aos que a escultura havia conhecido até então, com exceção do dadaísmo e do cubismo.

A partir da arte abstrata o limite entre escultores e pintores se dissolveu ainda mais. Por isso, embora se faça referência a artistas dedicados principalmente à escultura, como Henry Moore ou Constantin Brancusi, houve muito outros que fizeram experiências interdisciplinares, como os neoplásticos holandeses ou os minimalistas americanos e ingleses. Na escultura abstrata surgiram correntes diversas, muitas vezes de acordo com as da pintura, que possibilitam sua classificação.

Constantin Brancusi - O Beijo - 1910
A escultura orgânica, que tem seus antecedentes mais imediatos no dadaísmo, agrupou todos os artistas que ainda buscavam a representação da subjetividade humana e de seu próprio simbolismo interno, sem abandonar totalmente as formas figurativas. Quanto à escultura racionalista, ela se caracterizou pelo rigor de suas formas volumétricas, chegando em alguns casos, como os neo-abstratos, a reduzir a função da escultura à mera ocupação do espaço.
Henri Moore - Reclining Figure - 1951
Henri Moore - Hill Arches - 1972-73
A exemplo da pintura, a escultura abstrata chega ao auge graças ao interesse que despertou em marchands e colecionadores e aos programas estatais que deram aos artistas oportunidade de popularizar suas obras, utilizando-as na decoração urbana. Como ocorreu antes, com os mecenas do renascimento, as cidades passaram por uma renovação estética em que as novas peças da arte abstrata se integraram, em praças e calçadas, com as mais importantes dos séculos passados.

ARQUITETURA

Distanciados de todo academicismo, os arquitetos do chamado Movimento Moderno deixaram para trás as tendências históricas, para criar uma arquitetura isenta de adornos supérfluos ou de referências ao passado. Surgiu assim uma arquitetura racional, de formas geométricas puras, que revalorizou o espaço e a funcionalidade, com edifícios simples, de grandes superfícies transparentes. As grandes cidades, a especulação financeira e os novos materiais favoreceram esta nova arquitetura.

Os engenheiros, convencidos de sua capacidade de criar edifícios tão básicos na aparência, produtos da criatividade, mas também da tecnologia, passaram a competir com os arquitetos abstratos. Entre os primeiros racionalistas destacou-se a escola Bauhaus, com suas propostas de linhas simples, em que interiores e exteriores se fundiam, criando espaços homogêneos. Exemplo disso é o pavilhão alemão da Exposição Universal de Barcelona (1921), de Mies van der Rohe.

Bauhaus
Na Holanda, por sua vez, os arquitetos do grupo De Stijl chegaram às mesmas simplificações, dessa vez influenciados pela sutileza e praticidade da arquitetura japonesa. A arquitetura construtivista russa propôs moradias do tipo celular, ou seja, poliambientais, na construção de fábricas e clubes de operários.Mas sem dúvida o auge do funcionalismo chegaria com o francês Le Corbusier, cujas formas volumétricas simples se adaptaram tanto às moradias quanto às fábricas.

Frank Lloyd Wright - Casa d0 cascata 
Frank Lloyd Wright - Wayfarers Chapel
O mesmo ocorreu na América, principalmente após a chegada dos arquitetos europeus, cujas teorias funcionais tiveram grande aceitação no seio das universidades. Experimentava-se então ali a criação de uma nova arquitetura anti-historicista. A única exceção foi o arquiteto Frank Lloyd Wright, cujas obras, a meio caminho entre o caráter orgânico do modernismo e o novo racionalismo, estão entre as mais singulares do século XX.

CUBISMO


 Cubismo foi um movimento artístico criado por Pablo Picasso e Georges Braque por volta do ano de 1906 enquanto trabalhavam juntos em um atelier de arte na França, que era considerada naquela época a capital mundial das artes. O movimento foi completamente vanguardista por lidar com questões ainda pouco exploradas em arte e por introduzir técnicas novas e pouco convencionais de produção artística.

Em primeiro lugar, eles pensaram em construir imagens que representassem não apenas um lado do objeto (como uma fotografia faz), mas sim todos os lados de um objeto em uma única tela plana. Queriam que o expectador pudesse visualizar todo o objeto representado de uma única vez. Para isto realizaram pinturas em que representavam cada fragmento do objeto-tema (um violão, vaso de flores, etc) em uma parte do quadro, gerando assim uma imagem formada por varias partes como um mosaico. O objeto representado ficava deformado. A intenção de representar todas as faces de um objeto sobre uma tela plana só foi conseguida de fato e satisfatoriamente anos mais tarde com a invenção do cinema que produzia sequencia de imagens que traziam a sensação de movimento.

A intenção de representar as varias faces dos objetos também trouxe para a arte, não pela primeira vez, mas de maneira mais forte, a idéia de vários planos e varias dimensões para representar uma imagem. Seria como se varias pessoas fizessem uma fotografia de uma arvore cada uma de uma posição (ponto de vista, paradigma) diferente e todas as fotografias fossem recortadas e coladas em um único papel para que pudéssemos ver os vários ângulos da arvore de uma única vez.


Os cubistas Pablo Picasso e Georges Braque foram também os primeiros a inserir recortes de revistas, jornais e outros objetos em telas para interagirem com a pintura. Com isto chamaram a atenção para uma característica tão simples da pintura mas que por alguns momentos perdemos no ato de admirar uma tela. A característica de que uma pintura é apenas uma pintura, ou seja, muitas vezes olhamos para a pintura de uma paisagem ou um vaso de girassóis com a intenção de ver uma paisagem ou um vaso de girassóis, sem nos lembramos de que é apenas uma representação, apenas tinta na tela que produz a sensação. A partir deste ponto podemos entender então a expressão de Michelangelo no século XV de que "arte é sobretudo coisa menta", e Raffaelo ainda disse na mesma época: "eu não pinto com a mão, e sim com o cérebro". Com tudo isto Picasso e Braque estavam demonstrando, assim como Michelangelo e Raffaelo tentaram dizer, que a obra de arte acontece na mente (ou no cérebro) de quem observa, e que o objeto artístico (a pintura na tela, o desenho, ou uma escultura) serve apenas para sensibilizar o expectador. Assim a pintura é apenas tinta na tela e as sensações causadas por ela, como por exemplo um rio correndo são percepções geradas pela ação do olhar refletida no cérebro ou mente do expectador. Além disto tudo, dizer que arte é coisa mental também significa que o artista primeiro pensa o que ira pintar, observa e entende a cena para depois realizar a pintura na tela, ou seja, a pintura acontece primeiro na mente do artista.



Picasso crio pinturas, esculturas, gravuras, desenhos, cerâmicas, objetos artísticos, e fotografias. Sua carreira foi muito diversificada e longa. Em uma fase mais madura seus desenhos eram bem simples e se pareciam com desenhos de crianças, e não possuíam muito rigor técnico. Esta aparência era intencional. Picasso dizia que um artista deveria pintar com pureza e naturalidade, sem ter preocupações muito rigorosas com o que o desenho iria parecer, apenas desenhar como conseguisse e como achasse belo, assim a obra de arte comunicaria melhor alma do artista e seria mais bela pelo que representava do que pelo que era fisicamente. Por isto Picasso declarou que "Em poucos anos aprendeu a desenhar como Raffaelo, mas levou a vida toda para aprender a desenhar como uma criança".

Baseado em : STANGOS, Nikos (org). Conceitos da Arte Moderna, Jorge Zahar Editor, Rio de Janeiro, 2000.

VOCABULÁRIO
Vanguardista - aquele que vai a frente, novo.
Fragmento – parte separada.
Interagir – funcionar em parceria.
Sensibilizar – Produzir sensações. Por exemplo: A tela e os óculos do cinema 3D sensibilizam o expectador com as sensações necessárias para que tenhamos a impressão de que a imagem esta em terceira dimensão(3D) ou seja, saltando para fora da tela.














EXPRESSIONISMO


INTRODUÇÃO

O expressionismo foi a primeira vanguarda artística do século XX que utilizou a deformação da realidade para dar forma à visão subjetiva do artista. Seus quadros foram os primeiros nos quais o objeto representado se distancia totalmente do modelo original. O termo expressionismo (com o sentido de retorcer, em alemão) foi cunhado pelo galerista Georg Levin em 1912.

Com esse nome eram designados os grupos das vanguardas européias, como o Die Brücke (A Ponte), composto pelos pintores Emil Nolde, Ernst Kirchner, Karl Schmidt-Rottluff e Max Pechstein. e o Der Blaue Reiter (O Cavaleiro Azul), entre cujos representantes estava Vassili Kandinski, Franz Marc e August Macke e os artistas Oskar Kokoschka e Egon Schiele, na Áustria, e Georges Rouault, na França, para citar alguns.

Sua visão, totalmente pessoal e às vezes agressiva da realidade, se formou mediante uma intensa deformação e abstração das formas e uma acentuação de linhas e contornos. Suas descobertas estilísticas seriam decisivas para os movimentos plásticos, tanto abstratos quanto figurativos, que surgiriam mais adiante no século XX. Uma das descobertas mais inovadoras foi a aplicação das teorias musicais à composição plástica.

Foram três as etapas que levaram o expressionismo ao amadurecimento: o primeiro, o período da arte naïf, em que se vislumbrou a importância da arte como meio de expressão dos sentimentos humanos; o segundo, denominado expressionismo puro, cujo tema principal foi a abstração das formas; e, finalmente, os períodos anteriores e posteriores à Primeira Guerra Mundial, nos quais atuou como implacável crítico da sociedade.


PINTURA

A principal característica da pintura expressionista foi a deformação da realidade sob a óptica dos sentimentos. Já não se procurava imitar o modelo da natureza ou o objeto real. Havia uma realidade ainda mais importante: a da visão subjetiva do artista. Para o grupo Der Brücke (A Ponte), os temas centrais eram as paisagens de policromia exacerbada e o corpo humano sintetizado em poucas linhas.

O que mais se destacaram em suas obras foram a agressividade da cor e a falta de tranqüilidade das formas. Sua preocupação era reformular os temas impressionistas. Os artistas do Die Blaue Reiter (O Cavaleiro Azul) usaram as teorias musicais para conseguir composições de colorido harmonioso e formas totalmente abstratas. Para os expressionistas vienenses, ao contrário, o tema central era o resgate do feio como novo valor estético.


Com o expressionismo, conceitos como deformação da realidade, expressividade da cor e abstração das formas passaram a ser os novos princípios da arte. A escultura expressionista é escassa, e a arquitetura circunscrita a este movimento é exclusivamente teórica. Contudo, os princípios plásticos enunciados pelo expressionismo marcarão a estética de todas as disciplinas artísticas que vão surgir mais adiante, no século XX.